Após ser velado na Câmara Municipal do Rio, nesta quinta (26), o corpo de Abdias Nascimento, histórico ativista do movimento negro, será levado, no dia 27, para a Santa Casa de Misericórdia, onde será cremado às 13h30. Como era seu desejo, as cinzas serão espalhadas na Serra da Barriga, no local onde existiu o Quilombo dos Palmares, hoje no estado de Alagoas.
Abdias morreu aos 97 anos de idade, no dia 23, no Hospital dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro. Nota do hospital informa que Abdias estava internado na unidade desde 15 de abril e faleceu em decorrência de insuficiência cardíaca e respiratório na Unidade de Terapia Intensiva.Em nota, o governador do Rio, Sérgio Cabral, afirma que “é incontestável que Abdias Nascimento tenha exercido papel fundamental na garantia dos direitos à população negra. A sua morte é uma perda para toda a sociedade, mas o seu exemplo e as suas conquistas serão para sempre reconhecidos”.
Já a coordenadora nacional de Combate ao Racismo do PCdoB, Olívia Santana, disse que Abdias foi um “um homem absolutamente indignado com o racismo e comprometido com as causas libertárias do povo”. A Unegro também lançou nota lamentando o falecimento de Abdias: foi um “incansável militante do movimento negro”, que “dedicou sua vida no combate ao racismo, com seriedade, coragem e retidão”, diz um trecho.
O Sindicato dos Jornalistas do Rio, ao qual Abdias Nascimento se filiou em 1947, no último dia 10, promoveu o lançamento do Prêmio Nacional Jornalista Abdias Nascimento. O Prêmio tem como objetivo estimular anualmente a cobertura jornalística qualificada sobre temas relacionados à população negra.
No lançamento do Prêmio, a mulher de Abdias, Elisa Larkin Nascimento, coordenadora do Instituto de Pesquisas e Estudos Afrobrasileiros (Ipeafro), disse se tratar de uma das mais importantes homenagens feitas ao ex-senador. “O prêmio não se encerra numa estátua, numa medalha ou num evento. Mas sim abre novas oportunidades, espaços públicos de debates sobre essa questão racial, que é vital para a construção de uma verdadeira democracia, de uma verdadeira sociedade igualitária brasileira”, disse.
Vida
Abdias desenvolveu vasta produção intelectual e participou dos primeiros congressos de negros no país. Já no Rio de Janeiro, criou o Teatro Experimental do Negro (TEN) na década de 1940. Como jornalista, foi repórter do Jornal Diário, além de ter trabalhado em vários periódicos. Fundou o Jornal Quilombo.
Após voltar do exílio, com o fim da ditadura, Abdias ocupou os cargos de deputado federal e senador. Era professor emérito da Universidade de Nova York e Doutor Honoris Causa por várias instituições de ensino superior, entre elas, a Universidade de Brasília e a Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
Com informações do Sindicato dos Jornalistas do Rio
Nenhum comentário:
Postar um comentário