Grupo de Estudos Sobre Raça e Ações Afirmativas

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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Programa Espelho - Abdias Nascimento fala sobre sua vida e Teatro Experimental do Negro

Ele chega aos 95 anos de uma vida inteiramente dedicada ao ativismo político. Marcada por uma coerência e vigor admiráveis. Nesse trajeto, usou seus muitos talentos, pendores, capacidades. Afinal, trata-se de um político dramaturgo militante - artista plástico - e intelectual - afro-brasileiro dos mais combativos, sensíveis e internacionalmente respeitados. Sempre em favor do povo negro, da confraria dos humilhados, citada nos seus versos. Na dramaturgia, criou, na década de 40, o Teatro Experimental do Negro. Uma iniciativa que revelaria ao país o talento de nomes como Ruth de Souza e Léa Garcia, entre outros grandes artistas afro-brasileiros. E mudaria aquilo que se via nos palcos de teatro do país.

Anos mais tarde, ingressaria em outra arena - a política. Elegeu-se deputado Federal, foi Secretário de Estado e Senador da República. Viria nascer o PDT, se tornaria amigo e companheiro de lutas de Brizola e Nelson Mandela, entre outros grandes políticos e estadistas, mundo afora. Conchavou, articulou alianças, criou projetos de lei, fez discursos inflamados. Obstinado, lutou por políticas públicas e reparatórias para os afrodescendentes.

Nunca dantes as paredes e freqüentadores daqueles plenários, viram ecoar com tanta paixão, os nomes de Zumbi dos Palmares. Ou dos deuses negros, como Exu e Xangô, o Orixá da Justiça. Deuses que ele representa com cores fortes e vibrantes nos seus quadros.

Como acadêmico, deu aulas em centros universitários do país, e também nos Estados Unidos, na condição de exilado. Criou, ainda, grupos de pesquisa, organizou os primeiros congressos nacionais de negros, publicou artigos, ensaios. Enfim, forjou consciências, ganhou almas, parceiros, aliados.

Nesses últimos tempos, nosso entrevistado recebe feliz da vida e muito bem humorado - homenagens de todos os lados: da presidência da República, de universidades brasileiras e estrangeiras, de partidos políticos, personalidades e grupos militantes.

Desconfiamos que, no saldo de perdas e ganhos, ele vá festejar nossos avanços e conquistas, o aumento da consciência negra e a nova postura assumida pelos afrodescendentes nessa tal pós-modernidade. Vamos saber disso, nessa matéria. Que também é uma forma de a equipe de Espelho, prestar sua mais sincera e carinhosa reverência ao nosso entrevistado.





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