Grupo de Estudos Sobre Raça e Ações Afirmativas

Grupo de Estudos Sobre Raça e Ações Afirmativas

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

VII Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as


Realizado pela Associação Brasileira de Pesquisadores(as) negros(as), o VII Congresso Brasileiro de Pesquisadores(as) Negros(as) (COPENE 2012) será sediado na Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) com organização local do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB) na cidade de Florianópolis - SC e acontecerá entre os dias 16 e 20 de julho de 2012. De acordo com as demandas atuais e em reunião da Diretoria gestão 2010-2012 da ABPN, o tema do evento será “Os Desafios da Luta Antirracista no século XXI” tendo como homenageados os professores Abdias do Nascimento, Vicente de Souza e Lélia Gonzalez (in memorian) e Kabengele Munanga.

O COPENE tem como principal intenção apresentar e discutir os processos de produção e difusão de conhecimentos intrinsecamente ligados às lutas históricas empreendidas pelas populações negras nas Diásporas Africanas, emanadas nos espaços de religiosidades, nos quilombos, nos movimentos negros organizados, na imprensa, nas artes e na literatura, nas escolas e universidades, nas organizações não-governamentais, nas empresas e nas diversas esferas estatais, que resistem, reivindicam e propõem alternativas políticas e sociais que atendam às necessidades das populações negras, visando a constituição material dos direitos.

Cronograma de trabalho do evento:
01/02/2012 - prazo limite para envio de propostas de simpósios temáticos.
15/02/2012 - divulgação dos resultados.
16/02 a 15/03/2012 - inscrições nos simpósios temáticos.
01/04/2012 – envio de carta aceite de participação nos simpósios.
15/03 a 15/04/2012 - inscrições para ouvintes.
16 a 20/07/2012 – COPENE.

Esperamos contar com a participação de tod@s. Em breve lançaremos o site específico do Congresso e os boletins informativos que permitirão a tod@s conectar-se ao VII COPENE constantemente, atualizando-se nas informações e atividades.

Diretoria da ABPN/ NEAB-UDESC

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Hoje é o Dia Nacional do Samba!!!!

Celebrado em 2 de dezembro, o Dia Nacional do Samba foi instituído há 48 anos para homenagear uma das manifestações culturais mais populares do Brasil. Com raiz africana, apesar de existir especialmente em alguns estados do país, no Rio de Janeiro, representa mais que um gênero musical, é a configuração de toda a cultura dentro de uma comunidade que vem sofrendo as consequências de sua industrialização.
Nei Lopes, referência no Samba Carioca, explica que existe uma distorção que precisa ser tratada com seriedade sobre o que vem a ser o verdadeiro samba. “Falta distinguir melhor o que é o samba e fazer a diferença entre o tradicional e o industrial de mercado”, afirma preocupado com os rumos a que estão sendo expostos os valores culturais por trás do samba.
Segundo ele, o samba tradicional configura uma identidade comunitária, uma transmissão de valores. Até a década de 1960, o chamado “samba de morro”, hoje conhecido como “de raiz”, ainda configurava uma cultura em seu sentido mais amplo. “Comportava um conjunto de traços distintivos da tradição. O sambista tinha vestuário, fala, gestual, comportamento e hábitos bem característicos”, explica Lopes, reforçando que a tradição envolvia criação e performance, inclusive coreográfica.
Porém, o samba foi se enfraquecendo na medida em que seus núcleos e redutos se modificaram, com o distanciamento das escolas de suas comunidades, com o primado do espetáculo em detrimento do espírito associativo. Enquanto produto industrial difundido pelos meios de comunicação de massa não tem revelado seu verdadeiro significado, rendendo o gênero às conveniências do capitalismo. “Infelizmente, no Rio o samba passou a ser tratado apenas como uma música carnavalesca, de difusão restrita ao mês de fevereiro e à Marquês de Sapucaí, ou uma música de botequim, ou ainda, uma forma diluída, vazia, cada vez mais próxima do pior pop internacional”, diz.
Nei Lopes acredita que não apenas os valores, mas também a imagem do samba deve ser melhor apresentada dentro e fora do país. Para exemplificar, ele cita que em eventos recentes a música brasileira foi representada por artistas de segmentos que não fazem parte da identidade nacional. “Além disso, o samba mostrado lá fora é o do carnaval. Isso causa essa distorção na percepção do que ele realmente significa”, conclui.
Tombamento – O Samba Carioca foi proclamado Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no dia 30 de novembro de 2007. Surgido de influências do samba de roda do Recôncavo Baiano, na segunda metade do século XIX, tem características próprias: é acompanhada por pequenas frases melódicas e tem refrões de criação anônima.
No Brasil as matrizes do samba tombadas pelo Iphan são o “partido alto”, “samba de terreiro” e o “samba de enredo” do Rio de Janeiro e o “samba de roda do Recôncavo Baiano”. Fazem parte do Livro de Registro das Formas de Expressão, que compreende como patrimônio bens de natureza material e imaterial da identidade cultural brasileira.
Comemorações pelo país – Dona Ivone Lara, considerada a dama do samba carioca, foi homenageada em 26 de novembro durante o encerramento do seminário O papel da cultura negra na superação da miséria, promovido pela Fundação Cultural Palmares no Rio de Janeiro. No palco, foi recepcionada por Eloi Ferreira de Araujo, presidente da instituição, que lhe agradeceu por sua importante contribuição em favor da cultura negra e a seu lado cantou a música Sorriso Negro que configura a beleza da raça e cultura negra.

Fonte: site da Fundação Cultural Palmares.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

VIII Seminário Sobre Políticas Afirmativas Na UNEMAT - V Semana De estudos Étnicorraciais.


Criado em maio de 2005 o Núcleo de Estudos sobre Educação, Gênero, Raça e Alteridade (NEGRA) desenvolve atividades em diversas áreas do conhecimento humano, enfatizando a contribuição da educação das relações étnicorraciais. Também tem se dedicado às pesquisas sobre políticas de ação afirmativa e as relações raciais no Brasil contemporâneo. Ao longo destes últimos anos o NEGRA já realizou projetos de pós-graduação lato-sensu, de pesquisa, de extensão e de formação continuada. Nesta caminhada foram vários os parceiros. Podemos destacar a Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso (SEDUC/MT), a Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá (SME/Cuiabá), o Conselho Estadual de Promoção de Igualdade Racial de Mato Grosso (CEPIR/MT), o Núcleo de Estudos sobre Educação e Diversidade (NEED/UNEMAT), o Grupo de Estudos sobre Raça e Ação Afirmativa (GERAA/UFMS), o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (NEPRE/UFMT) e o Grupo de Estudos e Formação Continuada da Educação das Relações Étnicorraciais no Espaço Escolar. Nesta caminhada o NEGRA recebeu a confiança de muitos outros parceiros para a realização de suas atividades. Ministérios, Secretarias Estaduais e Municipais, Assembléias Legislativas, Conselhos Estaduais e Municipais, Câmaras Municipais, Escolas Estaduais, Municipais e da Rede Particular, Organizações Não-Governamentais, Empreendimentos Solidários, Centros de Direitos Humanos, Núcleos de Estudos Afro-Brasileiros e Empresas Públicas e Privadas têm sido freqüentes no relacionamento institucional do Núcleo. Sem contar uma gama bastante ampla de professores, gestores e trabalhadores da educação. Integram o NEGRA servidores docentes, servidores técnicos, estudantes de graduação e pós-graduação da Universidade do Estado de Mato Grosso, bolsistas de projetos de pesquisa e extensão, além de professores e interessados que se agrupam em torno da educação das relações étnicorraciais e da implementação da Lei 10.639/03. E o
NEGRA permanece recebendo novas adesões. Neste ano Organização das Nações Unidas e a Fundo das Nações Unidas para a Infância promovem campanhas internacionais em prol da população negra no mundo. O Ano Internacional dos Povos Afrodescendentes (ONU) e a campanha Por uma Infância sem Racismo (UNICEF) contribuem com a formulação de políticas públicas que assegurem a superação dos estigmas que ainda alcançam a população negra, independentemente de nacionalidade, condição econômica, crença religiosa ou filiação partidária. De acordo com o Censo Demográfico de 2010 realizado pelo IBGE, a população negra no Brasil é de aproximadamente 53%. Este dado quantitativo torna o quadro social e político mais complexo, pois se soma aos indicadores sociais que ainda persistem em suas trajetórias nefastas em relação a este grupo social. O VIII Seminário sobre Políticas Afirmativas na Unemat e a V Semana de Estudos Étnicorraciais tem por objetivo proporcionar espaços de discussão em torno da História Geral da África; das relações raciais no Brasil contemporâneo; da formação continuada; e da plena implementação da Lei 10.639/03 no Estado e na Região Sudoeste de Mato Grosso, contando em sua programação com pesquisadores, professores, gestores que têm se dedicado ao tema. Assim, foram previstas a realização de Conferências, Palestras, Mesas Redondas e a entrega, pela primeira vez, do Certificado Tereza de Benguela a personalidades que vêm se destacando na promoção da igualdade racial e de gênero. Educação, Estado e Reconfigurações do Nacional é a chamada maior para os eventos que se realizam em Cáceres: Mês da Consciência Negra e do Feriado Nacional alusivo ao líder Zumbi dos Palmares. Esperamos que todos aproveitem ao máximo as atividades.
Axé !!!




Dia 25 (sexta) – noite – 19h00/19h30
Abertura Oficial:
Composição de Mesa de Autoridades – noite – 19h30/20h00
- PTES. Ms. Jaqueline da Silva Albino – NEGRA
- Prof. Dr. Anderson Marques do Amaral – CUJV/Cáceres
Pedro Reis de Oliveira – CEPIR/MT
- Antonio Salvador da Silva – Câmara Municipal
- Prof. Josué Valdemir de Alcantara – SME/Cáceres
- Profª. Ms. Leila Cristiane Delmadi – PROEC
- Prof. Ms. Adriano da Silva – UNEMAT
Coordenação: NEGRA/UNEMAT
Local: Cidade Universitária


Conferência de Abertura (20h30/21h30):
Democratização da Educação, Universidade e Movimentos
Sociais
- Profª. Dra. Heloisa Salles Gentil – Coordenadora do Mestrado em
Educação/UNEMAT
Coordenação: NEGRA/UNEMAT
Local: Cidade Universitária


Dia 26 (sábado) – manhã – 08h00/0830
Apresentação Musical: Compositores e Intérpretes Negros nas
Cordas de João
Coordenação: Prof. MS. João Severino Filho


Dia 26 (sábado) – manhã – 08h30/11h30
Encontro Regional de Secretários e Secretárias de Educação
da Região Sudoeste de Mato Grosso - Ações para
Implementação da Lei 10.639/03: Atores, Papéis, Estratégias
- Profa. Dra. Ana Maria Di Renzo – PROEG/UNEMAT
- Profa. Ms. Leila Cristiane Delmadi – PROEC
- Prof. Dr. Valter Roberto Silvério – UFSCar e UNESCO
Coordenação: Grupo de Estudos e Formação Continuada em
Educação das Relações Étnicorraciais no Espaço Escolar
Local: Cidade Universitária


Dia 26 (sábado) – tarde – 14h00/15h30
Encontro Regional de Secretários e Secretárias de Educação
da Região Sudoeste de Mato Grosso: Roda de Conversa com
Gestores da Educação:
Educação das Relações Étnicorraciais: O Papel dos Entes
Federativos
- Ságuas Moraes – SEDUC/MT
- Profa. Ms. Ângela Maria dos Santos – Gerência de
Diversidade/SEDUC/MT
- Prof. Ms. Jacqueline da Silva Costa – NEGRA, UFSCar e
Fundação Ford
- Jackeline Silva – IMUNE/MT
- Coordenação: NEGRA/UNEMAT
-
- Profª. Vera Araújo – SEJUDH
Local: Cidade Universitária


Dia 26 (sábado) – tarde – 15h30/17h00
Grupo de Trabalho e Carta Compromisso:
Ações e Estratégias para a Implementação da Lei 10.639/03 –
Compromisso Ético, Público e Cidadão
Coordenação: NEGRA/UNEMAT
Local: Cidade Universitária


Dia 26 (sábado) – tarde – 17h00/18h00
Show Musical: África e Brasil – Cantos e Cânticos do Atlântico
Negro
Coordenação: Prof. Ms. João Severino Filho
Merenda: 17h00/18h00
Dia 26 (sábado) – noite – 18h00/18h30
Lançamento da Coleção História Geral da África
- Prof. Dr. Valter Roberto Silvério – UFSCar e UNESCO
Coordenação: NEGRA/UNEMAT e GERAA/UFMS
Local: Cidade Universitária


Dia 26 (sábado) – noite – 18h30/20h00
Entrega do Certificado Tereza de Benguela:
Coordenação: NEGRA/UNEMAT e CEPIR/MT
Local: Cidade Universitária


Dia 27 (domingo) – Dia Livre.
- Conhecendo o Rio Paraguai


Dia 28 (manhã) – 08h30/09h30
- Palestra: Educação das Relações Étnicorraciais em Mato
Grosso: Pesquisas e Projetos
- Profª. Ms. Maristela Abadia Guimarães – IFMT/Pontes e Lacerda
- Coordenação: Grupo de Estudos e Formação Continuada em
Educação das Relações Étnicorraciais no Espaço Escolar
Local: CEFAPRO


Dia 28 (manhã) – 09h30/10h30
Assinatura do Protocolo de Intenções:
- Grupo de Estudos e Formação Continuada em Educação das
Relações Étnicorraciais
- Grupo de Estudos sobre Raça e Ação Afirmativa da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (GERAA/UFMS)
- Instituto Federal de Mato Grosso – IFMT/Campus de Pontes e
Lacerda
- Instituto da Mulher Negra de Mato Grosso – IMUNE/MT
Coordenação: NEGRA/UNEMAT
Local: CEFAPRO


Dia 28 (segunda) – noite – 19h00/21h30
Conferência de Encerramento: Estado, Ação Afirmativa e
Reconfigurações do Nacional
Profª. Ms. Priscila Martins Medeiros - GERAA/UFMS
Coordenação: NEGRA/UNEMAT
Local: OAB/Seccional Cáceres

Dilma assina lei que transforma dia da consciência negra em feriado nacional

Foi assinada, no último dia 10, pela presidenta da República a Lei 12.519, que cria o feriado nacional do Dia da Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, que passa a ser comemorado em 20 de novembro.
A data já era adotada por estabelecimentos escolares e instituições públicas e privadas por ser o dia do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares, e tradicionalmente é dedicada à análise da situação do povo negra no Brasil, bem como a inserção da mesma na sociedade brasileira.
Este ano de 2011 foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU), como Ano Internacional dos Afrodescendentes, por isso a elevação do Dia da Consciência Negra a feriado ganha prestígio internacional.
A comemoração do Dia da Consciência Negra em 20 de novembro na década de 70 do século passado, quando eram travadas as batalhas pelo fim da discriminação social no mundo. A data serve também de homenagem ao líder negro Zumbi dos Palmares, um dos maiores ícones da luta do povo negro do Brasil.
Apesar da luta e resistência, Zumbi foi morto em 1695, após uma emboscada de milícias que realizaram ataques recorrentes ao Quilombo dos Palmares, localizado em Alagoas.
Apesar da resistência, Zumbi foi covardemente assassinado a facadas, teve a cabeça cortada, salgada e levada ao governador Melo e Castro. Em Recife, a cabeça foi exposta em praça pública, visando desmentir a crença da população sobre a lenda da imortalidade de Zumbi.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011




Título original: Kirikou et la Sorcière
Tamanho: 700 Mb
Gênero: Animação
Tempo de Duração: 71 Min.
Formato: DVDRip
Idioma: Português (Dublado)
Ano Lançamento: 1998

Sinopse: Na África Ocidental, nasce um menino minúsculo, cujo tamanho não alcança nem o joelho de um adulto, que tem um destino: enfrentar a poderosa e malvada feiticeira Karabá, que secou a fonte d'água da aldeia de Kiriku, engoliu todos os homens que foram enfrentá-la e ainda pegou todo o ouro que tinham. Para isso, Kiriku enfrenta muitos perigos e se aventura por lugares onde somente pessoas pequeninas poderiam entrar.



Trailer:

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Parte 1
Parte 2
Parte 3
Parte 4
Parte 5
Parte 6
Parte 7

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Exibição do filme: A hora do Show.

O Grupo de Estudos sobre Raça e Ações Afirmativas convida a todos/as para participarem da exibição do filme A Hora do Show, que acontecerá no dia 18 de outubro (terça-feira) às 17 horas, na Unidade VI (UFMS).


O filme traz Pierre Delacroix (Damon Wayans) um escritor de séries de TV que não aguenta mais a tirania de seu chefe. Sendo o único empregado negro da companhia, Delacroix resolve propôr a idéia mais absurda que conseguira imaginar, um programa de TV estrelado por dois mendigos negros que denunciariam o estereótipo e o preconeceito do negro na televisão americana, exatamente no intuito de ser demitido. Mas a surpresa que o programa em questão não apenas se torna realidade como passa a ser um grande sucesso entre o público americano.
Título original: (Bamboozled)
Lançamento: 2000 (EUA)
Direção: Spike Lee
Atores: Damon Wayans, Savior Glover, Jada Pinkett, Tommy Davidson.
Duração: 136 min
Gênero: Comédia
Status: Arquivado

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

MARTIN LUTHER KING JR. I HAVE DREAM!!!

Chico Rei


Título Original: Chico Rei
Tamanho: 640 mb
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 115 minutos
Formato: DVDRip
Idioma: Português
Ano Lançamento: 1985

Sinopse:
Galanga (Severino d'Acelino), rei do Congo que é trazido ao Brasil como escravo, encontra ouro em Vila Rica, na província de Minas Gerais. Após comprar sua libertação, ele compra uma fazenda, tornando-se assim Chico Rei, o primeiro homem negro proprietário de terras no Brasil.

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sexta-feira, 23 de setembro de 2011

A Caixa Economica Federal escreve texto com pedido de desculpa sobre a propaganda com Machado de Assis.

Carta à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República sobre campanha dos 150 anos da Caixa Econômica Federal
A Caixa Econômica Federal reafirma a esta secretaria e aos movimentos sociais por ela defendidos o seu compromisso com a responsabilidade social e o respeito à diversidade. Esta instituição sempre estará alinhada com política de igualdade do nosso Governo Federal, regida pela justiça social e oportunidade para todos.
Em suas peças publicitárias, a CAIXA sempre buscou retratar a diversidade que caracteriza o nosso país, como pode ser demonstrado nas campanhas elaboradas em parceria e com o apoio dos movimentos sociais e da própria Seppir.

No entanto, a CAIXA pede desculpas por sua última peça publicitária comemorativa aos 150 anos do banco, que teve como personagem o escritor Machado de Assis. A CAIXA lamenta que a peça não tenha caracterizado o escritor, que era afro-brasileiro, com sua origem racial.
A CAIXA informa que suspendeu a veiculação e tomou providencias para anulação do pagamento da campanha, elaborada por agência publicitária contratada pelo banco.
Como ressaltou esta secretaria em sua nota, o episódio acontece exatamente no momento em que estamos, a Seppir e a CAIXA, construindo um termo de cooperação que envolve, entre outros, aspectos relacionados à representação de pessoas negras nas ações de comunicação. Como dito, esta não será a primeira nem a última ação de comunicação da CAIXA no intuito de promover a igualdade. Desde sua fundação a CAIXA é o banco de TODOS os brasileiros. E este compromisso está pautado em nossas ações e campanhas como:

§         Produção e veiculação, na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, de um filme elaborado a partir de um poema do gaúcho Oliveira Silveira, conhecido como ‘poeta da consciência negra’, em novembro de 2009 e novembro de 2010: http://www.youtube.com/watch?v=Sh7HKL6oSGM

§        Parceria com a Secretaria de Política e Promoção da Igualdade Racial, que prevê divulgação da campanha ‘Igualdade é para valer – 2011’,  Ano Internacional dos Afrodescendentes;

§        Produção e veiculação do filme ‘Liberdade’, em comemoração aos 150 anos da Caixa, exibido em maio de 2011: http://www.youtube.com/watch?v=lLLaqm89ygo;

§        Patrocínio da Oficina de Ferramentas Afrodescendentes - Edital Artesanato 2011;

§        Patrocínio do Espetáculo Orfeu da Conceição - Tragédia Carioca, em 2010;

§        Patrocínio do Troféu Raça Negra 2008 e 2010;

§        Patrocínio do III Congresso Nacional Afro Brasileiro (CNAB), em 2008;

§        Patrocínio da exposição Diversidade Contemporânea Afro-Baiana, em 2007;


§        Patrocínio da instalação do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira, em 2003;





Caixa Econômica Federal
20/09/2011

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Preto Contra Branco



Título Original: Preto Contra Branco

Tamanho: 550 mb
Gênero: Documentário 
Tempo de Duração: 56 Min.
Formato: DVDRip
Idioma: Português
Ano Lançamento: 2005




Uma tradição de quase 32 anos e praticamente desconhecida na capital paulista é o ponto de partida do documentário Preto contra Branco, que discute o preconceito racial no Brasil usando como referência uma partida tradicional de futebol de várzea com moradores de dois bairros de São Paulo. Detalhe: é um jogo de pretos contra brancos.

Desde 1972, um grupo de moradores do bairro de São João Clímaco e da favela de Heliópolis, na zona sul da capital, organizam um jogo de futebol de brancos contra pretos em um campo de várzea, no final de semana que antecede ao Natal.Em uma comunidade altamente miscigenada, composta basicamente por mulatos, a peculiaridade da partida é a auto-atribuição da raça pelo participante. Cada jogador se declara negro ou branco e “escolhe seu time”. O documentário também investiga a disputa espacial e as noções de prioridade numa comunidade carente.


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KABENGELE MUNANGA: Superando o Racismo na Escola

MUNANGA K Superando o Racismo na Escola (sem capa) PDF
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Frente Negra Brasileira completa 80 anos



















Há exatos 80 anos, era criada a Frente Negra Brasileira, uma das primeiras organizações no século XX a exigir igualdade de direitos e participação dos negros na sociedade do País. Sob a liderança de Arlindo Veiga dos Santos, a organização desenvolvia diversas atividades de caráter político, cultural e educacional para os seus associados. Realizava palestras, seminários, cursos de alfabetização, oficinas de costura e promovia festivais de musica. 
Criada em 16 de setembro de 1931 na cidade de São Paulo, a Frente ganhou adeptos em todo o Brasil, inclusive o jovem Abdias Nascimento. Seguindo o propósito de discutir o racismo, promover melhores condições de vida e a união política e social da “gente negra nacional”, a entidade teve filiais em diversas cidades paulistas e nos estados da Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Espírito Santo e Rio Grande do Sul. Estima-se que a Frente Negra Brasileira tenha chegado a aproximadamente cem mil membros em todo o País.  
Em sua sede na rua da Liberdade, funcionava o jornal O Menelik, órgão oficial e principal porta-voz da entidade, sucedido pelo O Clarim d’Alvorada, sob a direção de José Correia Leite e Jayme de Aguiar. A Frente Negra ressaltava a importância de o negro superar a condição de cabo eleitoral, incentivando o lançamento de candidaturas políticas negras. A entidade chegou a se organizar como partido político. 
Estrutura – A Frente possuía uma complexa estrutura, sendo dirigida por um grande Conselho, constituído de 20 membros, selecionando-se, entre eles, o chefe e o secretário. Havia, ainda, um Conselho Auxiliar, formado pelos Cabos Distritais da Capital. Criou-se, ainda, uma milícia frente-negrina, uma organização paramilitar. Os seus componentes usavam camisas brancas e recebiam rígido tratamento, como se fossem soldados. 
Segundo um dos seus fundadores, Francisco Lucrécio, a Frente Negra foi fundada por ele e outros companheiros embaixo de um poste de iluminação. Ainda segundo Lucrécio, no início, muitos não compreendiam os objetivos do grupo. Diziam que eles estavam fazendo “racismo ao contrário”. No entanto, com o tempo, os membros da Frente Negra foram adquirindo a confiança não apenas da comunidade, mas de toda a sociedade paulista. As próprias autoridades a respeitavam. 
Os seus membros possuíam uma carteira de identidade expedida pela entidade, com retratos de frente e de perfil. Quando as autoridades policiais encontravam um negro com esse documento, respeitavam-no porque sabiam que na Frente Negra só entravam pessoas de bem. 
Em 1937, o Estado Novo de Getúlio Vargas fechou os partidos e as associações políticas, aplicando um duro golpe na Frente Negra, que foi obrigada a encerrar suas atividades. 
Fonte: IPEAFRO e Portal da Cultura Negra
Fonte:

A Outra História Americana





Título original: American History X
Tamanho: 1, 23 Gb
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 119 Min.
Formato: DVDRip
Idioma: Inglês (Legendado)
Ano Lançamento: 1998

A Outra História Americana é um profundo e movimentado drama sobre as conseqüências do racismo à medida que uma família é dividida pelo ódio. Uma análise do extremismo na América, o filme segue a luta de um homem para reformar a si próprio e salvar seu irmão após viver uma vida consumida pela violência e intolerância.

Dirigida pelo estreante Tony Kaye, a história desdobra se através do olhar de Danny Vinyard (Edward Furlong, de O Exterminador do Futuro II e Nada a Perder), que idolatra seu irmão mais velho Derek (Edward Norton, de Todos Dizem Eu Te Amo, foi indicado ao Oscar@ de Melhor Ator Coadjuvante por sua atuação em As Duas Faces de um Crime).

Buscando vingança pelo assassinato do pai e ansioso para dar vazão à sua ira, Derek encontra se transformado por uma filosofia do ódio ao mesmo tempo que se torna um líder carismático de um movimento de supremacia branca. A despeito de sua indiscutível inteligência, suas ações incendiárias culminam num brutal assassinato e, finalmente, numa sentença de prisão.

Três anos mais tarde, todos esperam a volta de Derek: sua mãe Doris (Beverly D'Angelo, de Férias Frustradas e O Beijo da Viúva Negra), sua namorada Stacey (Fairuza Balk, de Coisas Para Fazer em Denver Quando Você Está Morto) e principalmente Danny, que anseia desesperado pelo amor e orientação do irmão.

No dia da libertação de Derek, Danny entrega um relatório do livro Mein Kampf, que foi ditado por Hitler enquanto esteve na prisão. Irritado, o diretor do colégio exige que Danny escreva um novo relatório, sobre as circunstâncias que levaram ao encarceramento de Derek. Por meio dessa nova tarefa, o público irá explorar a consciência dos dois irmãos.

Mas, para surpresa (e decepção) de Danny, Derek é um homem mudado. Recém saído da prisão, ele não vê mais o ódio como sinal de honra. Envergonhado d
e seu passado, ele agora está em uma corrida para sa
Links lvar o irmão e toda a família da violência que ele mesmo criou.

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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

A Caixa Econômica Federal, a política do branqueamento e a poupança dos escravos, por Ana Maria Gonçalves



Uma imagem inédita de Machado

São tanto mais de admirar e até de maravilhar essas qualidades de medida, de tato, de bom gosto, em suma de elegância, na vida e na arte de Machado de Assis, que elas são justamente as mais alheias ao nosso gênio nacional e, muito particularmente, aos mestiços como ele. [...]. Mulato, foi de fato um grego da melhor época, pelo seu profundo senso de beleza, pela harmonia de sua vida, pela euritmia da sua obra.”
O trecho acima é de um artigo do jornalista, professor, crítico e historiador literário José Veríssimo, em artigo no Jornal do Comércio, um mês depois da morte de Machado. Causou espanto em muita gente, inclusive em Joaquim Nabuco, que lhe enviou uma carta: “Seu artigo no jornal está belíssimo, mas essa frase causou-me arrepio: ‘Mulato, foi de fato um grego da melhor época’. Eu não teria chamado o Machado mulato [itálico no original] e penso que nada lhe doeria mais do que essa síntese. Rogo-lhe que tire isso quando reduzir os artigos a páginas permanentes. A palavra não é literária e é pejorativa, basta ver-lhe a etimologia. O Machado para mim era um branco, e creio que por tal se tornava [sic]; quando houvesse sangue estranho, isso em nada afetava a sua perfeita caracterização caucásica. Eu pelo menos só vi nele o grego. O nosso pobre amigo, tão sensível, preferiria o esquecimento à glória com a devassa sobre suas origens”. É interessante perceber que o que causa espanto a Nabuco é Veríssimo ter chamado Machado de mulato, e não ter dito que as qualidades de medida, tato, bom gosto e elegância, na vida e na arte, eram alheias aos mestiços como ele, um neto de escravos. Pensamento condizente com um governo brasileiro que discutia a nossa condenação ao atraso e à pobreza de espírito, adquirida via mestiçagem. A solução seria tentar reproduzir, nos trópicos, a pureza de sangue europeia, sonho de consumo antigo das elites portuguesa, na época do Brasil colônia, e brasileira, pelo que parece, até os dias atuais.
A ideia de embranquecimentos dos brasileiros é antiga, e muitos eram abolicionistas não por questões humanitárias, mas porque acreditavam ser necessário estancar o quanto antes a introdução de sangue negro entre os nacionais. Em um ensaio publicado em Lisboa, em 1821, o médico e filósofo Francisco Soares Filho aponta a heterogeneidade do Brasil como o grande empecilho para o país se tornar um Estado Moderno: “Hum povo composto de diversos povos não he rigorosamente uma Nação; he um mixto de incoherente e fraco”. O livro de Andreas Hofbauer, Uma história do branqueamento ou o negro em questão, transcreve vários trechos do artigo de Francisco Soares Filho, “Ensaio sobre os melhoramentos de Portugal e do Brasil”, entre os quais destaco o que fala da necessidade e das vantagens de se promover a miscigenação controlada:
Os africanos, sendo muito numerosos no Brasil, os seus mistiços o são igualmente; nestes se deve fundar outra nova origem para a casta branca. (…) Os mistiços conservarão só metade, ou menos, do cunho Africano; sua côr he menos preta, os cabellos menos crespos e lanudos, os beiços e nariz menos grossos e chatos, etc. Se elles se unem depois à casta branca, os segundos mistiços tem já menos da côr baça, etc. Se inda a terceira geração se faz com branca, o cunho Africano perde-se totalmente, e a côr he a mesma que a dos brancos; às vezes inda mais clara; só nos cabellos he que se divisa huma leve disposição para se encresparem. (…) E deste modo teremos outra grande origem de augmento da população dos brancos, e quasi extinção dos pretos e mistiços desta parte do Mundo; pelo menos serão tão poucos que não entrarão em conta alguma nas considerações do Legislador.”
Hofbauer também cita o artigo de António d’Oliva de Souza Sequeira, “Addição ao projeto para o estabelecimento politico do reino-unido de Portugal, Brasil e Algarves”, de 1821, no qual, além de reforçar as ideias do benefício da mestiçagem de seu conterrâneo, aponta a necessidade de promover a imigração: “Como o Brasil deve ser povoado da raça branca, não se concederão benefícios de qualidade alguma aos pretos, que queirão vir habitar no paiz. (…) E como havendo mistura da raça preta com a branca, (…) terá o Brasil, em menos de 100 annos todos os seus habitantes da raça branca. (…) Havendo casamentos de brancos com indígenas, acabará a côr cobre; e se quizerem apressar a extinção das duas raças, estabeleção-se premios aos brancos, que se casarem com pretas, ou indígenas na primeira e segunda geração: advertindo, que se devem riscar os nomes de “mulato, crioulo, cabôco” e “indígena”; estes nomes fazem resentir odios, e ainda tem seus ressaibos de escravidão (…) sejão todos ‘Portuguezes!”.
(Um breve parênteses: não sei se sou apenas eu que consigo ver semelhanças entre o discurso acima, de 1821, com o de “esqueçamos isso de brancos, negros, amarelos etc… somos todos Brasileiros!”, muito comumente encontrados em artigos de Ali Kamel, Demétrio Magnoli e Yvonne Maggie, por exemplo, apoiados pelo requentamento da teoria da mestiçagem, feito por Gilberto Freyre.)
A ideia de que, em 100 anos, os brasileiros seriam todos brancos, foi atualizada em 1911 por João Batista Lacerda, diretor do Museu Nacional. Nessa época o cientificismo já tinha biologizado o conceito de raça, e o racismo brasileiro se dividia entre duas correntes de pensamento. A segregacionista, que dizia que a mestiçagem já nos tinha posto a perder e que nunca seríamos uma nação desenvolvida; e a assimilacionista, que apostava na salvação através do processo de branqueamento, com imigrantes europeus. Apostando sempre no seu povo, essa última tornou-se a posição oficial do governo brasileiro, que tentava vender, no exterior, a ideia de um país com grande futuro à espera dos europeus; ou à espera de europeus, para ser mais exata. Participávamos de feiras e congressos internacionais, disputando imigrantes com Argentina, Chile e Estados Unidos, e o discurso de Lacerda, representante brasileiro no I Congresso Universal de Raças, em Londres, tenta aplacar o medo dos europeus de compartilharem o Brasil com uma raça inferior: “(…) no Brasil já se viram filhos de métis (mestiços) apresentarem, na terceira geração, todos os caracteres físicos da raça branca [...]. Alguns retêm uns poucos traços da sua ascendência negra por influência dos atavismos(…) mas a influência da seleção sexual (…) tende a neutralizar a do atavismo, e remover dos descendentes dos métis todos os traços da raça negra(…) Em virtude desse processo de redução étnica, é lógico esperar que no curso de mais um século os métis tenham desaparecido do Brasil. Isso coincidirá com a extinção paralela da raça negra em nosso meio“.
A elite intelectual brasileira, formada por literatos, políticos, cientistas e empresários, indignada com as declarações do diretor do Museu Nacional, foi debater nos jornais e revistas. Alguns clamavam que 100 anos era um absurdo de tempo, que o apagamento do negro se daria em muito menos. Outros debochavam do otimismo de Lacerda, como o escritor Silvio Romero, que acreditava que o processo, que todos concordavam ser irreversível, levaria, pelo menos, uns seis ou oito séculos. Mas todos concordavam que era apenas uma questão de tempo, desde que o Brasil continuasse a promover a entrada de brancos europeus, a não fazer nada para integrar os negros que já estavam no país ou para baixar a taxa de mortalidade entre eles, e a dificultar a entrada de novos africanos. De fato, o governo brasileiro financiou a vinda de imigrantes europeus, não fez absolutamente nada que ajudasse escravos e libertos e proibiu a entrada de africanos. Um decreto de 28 de junho de 1890 diz que estava proibida a entrada de africanos no Brasil, e é reforçado por outros em 1920 e 1930, quando os banidos não necessariamente precisam ser africanos, mas apenas parecer. Em 1945, um decreto lei não mais proíbe, mas diz que:
Art. 1o – Todo estrangeiro poderá, entrar no Brasil desde que satisfaça as condições estabelecidas por essa lei.
Art. 2o – Atender-se-á, na admissão de imigrantes, à necessidade de preservar e desenvolver, na composição étnica da população, as características mais convenientes da sua ascendência européia, assim como a defesa do trabalhador nacional.
Imigração europeia
Tal decreto, me parece que foi revogado apenas em 1980. Mas as “características mais convenientes” da nossa ascendência europeia ainda são as desejáveis e estimuladas pelo governo, como nos mostra, exatamente 100 anos depois do pronunciamento de João Batista Lacerda, diretor do Museu Nacional, esse comercial da Caixa Econômica Federal (ver comercial do mês de setembro.
O fato mais visível é o branqueamento de Machado de Assis. Sobre esse assunto, que é longo e complexo, sugiro a entrevista com o professor Eduardo de Assis Duarte e, para quem quiser se aprofundar um pouco mais, a leitura de seu livro “Machado de Assis Afrodescendente: escritos de caramujo.” Veríssimo, atendendo ao apelo de Nabuco, nunca incluiu o artigo em seus livros; e para acabar com qualquer dúvida quanto à mulatice, a certidão de óbito de Joaquim Maria Machado de Assis diz que o grande escritor, da “cor branca”, faleceu de “arteriosclerose”. Questionada pelo ato falho, a assessoria de imprensa da Caixa se manifestou, dizendo que “o banco sempre se notabilizou pela sua atuação pautada nos princípios da responsabilidade social e pelo respeito à diversidade. Portanto, a Caixa sempre busca retratar em suas peças publicitárias toda a diversidade racial que caracteriza o nosso país”. Mas há também outro fato interessante no universo europeizado do comercial: no Rio de Janeiro de 1908, circulam apenas brancos. O comercial, assinado por “Caixa – 150 anos” e “Governo Federal – País rico é país sem pobreza”, apaga completamente as presenças negra e mestiça da capital federal do início do século. Tais atitudes colocam o governo como propagador e vítima das políticas oficiais de branqueamento da população e de ensino deficiente, voltado para o descaso com e o esquecimento do passado escravocrata brasileiro. Tivessem os profissionais envolvidos na criação, produção e aprovação de tal comercial estudado um pouco mais a vida dos africanos no Brasil, não teriam cometido erros tão banais. E tão graves, porque em nome de um governo e de uma instituição que diz ter uma história construída por todos os brasileiros, mas que parece, nesse caso, retratar apenas aqueles brasileiros que sempre foram mais brasileiros do que os outros. A nossa desigualdade entre iguais.
Tivessem esses profissionais dado uma olhada nos levantamentos demográficos da época (embora “raça” não tenha entrado nas estatísticas entre 1890 e 1940 – porque “éramos todos brasileiros”…) ou nas crônicas publicadas em jornais e revistas da época, ou o interesse de conhecerem um pouco melhor o assunto em questão, saberiam que a população negra e mestiça do Rio de Janeiro deveria ser, no mínimo, 30 e 40% do total, mas aparentava ser muito mais. A então capital federal, onde já era numerosa a presença de escravos e libertos, recebeu grandes contingentes de negros e mulatos após a assinatura da Lei Áurea, chegados das áreas rurais e de diversas partes do Brasil. Eles eram, então, a maioria a circular pelas ruas, em busca de emprego, que não havia, ou fazendo bicos, tentando se adaptar à nova realidade. Uma “sociedade movediça e dolorosa”, como nos contam as crônicas de João do Rio, entre tantas outras tão fáceis quantos de achar, caso houvesse interesse.
E por falar em “movediça e dolorosa”, é interessante também perceber como o governo retrata os escravos em outro comercial (ver mês de maio) referente à comemoração dos 150 anos da Caixa, o “Libertos”.
O comercial nos faz acreditar que a “poupança dos escravos” havia sido uma iniciativa progressista da Caixa quando, na verdade, foi um retrocesso nas “leis informais” que regulavam as iniciativas de compra de liberdade, e uma forma de o governo brasileiro, já no final da escravidão, lucrar um pouco mais com a exploração do trabalho escravo. Há um estudo interessante sobre essa poupança, “A poupança: alternativas para a compra da alforria no Brasil (2a metade do Século XIX)”, da historiadora e professora Keila Grinberg, que vou tentar resumir aqui, em meio a outras informações. É importante entender o cenário em que a “poupança dos escravos” foi lançada.
Após a Revolução Industrial, a Inglaterra buscava novos mercados consumidores para seus produtos e, vendo a escravidão com um dos grandes entraves, promulgou unilateralmente oSlave Trade Suppression Act de 1845, conhecido no Brasil como Bill Aberdeen. O ato considerava como sendo pirataria o comércio de escravos entre a África e as Américas, e a Inglaterra poderia abordar qualquer navio em atividade suspeita e liberar a carga humana. Muitos desses africanos foram levados para colônias inglesas no Caribe, onde trabalharam sob condições bem parecidas com a escravidão. Vários navios brasileiros foram aprendidos e destruídos, gerando uma série de incidentes diplomáticos que, em conjunção com outros fatores, levaram o Brasil a parar com o tráfico. Na verdade, a pressão era para que o Brasil obedecesse a Lei Feijó, também conhecida como “lei para inglês ver”, promulgada em 7 de novembro de 1831, que dizia:
A Regência, em nome do Imperador o Senhor Dom Pedro Segundo, faz saber a todos os súditos do Império, que a Assembléia Geral decretou, e ela sancionou a Lei seguinte:
Art. 1º. Todos os escravos, que entrarem no território ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres.
Essa lei nunca foi obedecida e precisou ser reforçada com a Lei Eusébio de Queirós, aprovada em 4 de setembro de 1850:
Art. 1: As embarcações brasileiras encontradas em qualquer parte, e as estrangeiras encontradas nos portos, enseadas, ancoradouros ou mares territoriais do Brasil, tendo a seu bordo escravos, cuja importação é proibida pela lei de 7 de novembro de 1831, ou havendo-os desembarcado, serão apreendidas pelas autoridades, ou pelos navios de guerra brasileiros, e consideradas importadoras de escravos. Aquelas que não tiverem escravos a bordo, nem os houverem proximamente desembarcado, porém que se encontrarem com os sinais de se empregarem no tráfego de escravos, serão igualmente apreendidas e consideradas em tentativa de importação de escravos.
Inicialmente, a Lei Eusébio de Queirós também teve pouquíssimo efeito, fazendo inclusive com que o tráfico se intensificasse. Como a vida útil de um escravo era curta, e as condições dos cativeiros brasileiros nunca foram ideais para a reprodução, como acontecia, por exemplo nos EUA, os exploradores de trabalho escravo trataram de garantir um bom estoque de peças, começando a pensar, inclusive, que a escravidão, algum dia, poderia ter fim. Quando a Inglaterra intensificou o controle nos mares, começou então o aumento do comércio interno, com as províncias do Rio de Janeiro e São Paulo, ancoradas na lucrativa economia cafeeira, importando peças do norte e nordeste. Possuir escravos que se tornavam cada vez mais caros, então, começou a ser coisa de “gente grande”, com a diminuição da entrada de peças de reposição e a crescente demanda da indústria cafeeira, base da economia brasileira da ápoca. O Brasil passava por grandes transformações, e outras duas leis importantes também foram promulgadas em 1850, a Lei das Terras e a lei do Código Comercial, ambas com profundas ligações com a escravatura.
Começando a se pensar pela primeira vez em um Brasil sem escravos, a Lei das Terras defendia os interesses dos grandes latifundiários, garantindo-lhes o direito de regularizar a posse das terras que ocupavam. As terras não ocupadas passaram a ser do Estado e só poderiam ser adquiridas em leilões, com pagamento à vista, impossibilitando que ex-escravos (e possíveis colonos, porque já se discutia uma política de imigrações), quando libertados, se tornassem proprietários através de ocupações.
O Código Comercial regulamentava a criação de sociedades anônimas e comerciais, uma necessidade por causa das reorientações na economia brasileira. Não tendo mais condições de comprar escravos, a gente “média” e “miúda” começou a ter outras necessidades de crédito e a se interessar por outros bens de consumo, aumentando a importação de bens estrangeiros. Em 1851, por exemplo, surgiu no Rio de Janeiro o Banco do Commercio e da Indústria que, junto com outros bancos, passou a receber depósitos e a emprestar dinheiro. Foi esse banco que, em 1853, depois de uma fusão com o Banco Commercial do Rio de Janeiro, deu origem ao Banco do Brasil. Segundo Keila Grinberg, “(…) Com isso, o crescimento das atividades comerciais no país, devido principalmente à prosperidade dos negócios do café, foi facilitado pelo aumento da emissão de moeda, e pela autorização, por parte do governo imperial, da realização de várias operações comerciais pelos bancos”. Em 1857 já havia vários bancos oferecendo esses serviços, mas a crise no setor cafeeiro e o grande número de instituições privadas, levou o governo a centralizar a atividade bancária, principalmente as de poupança e crédito, através da Lei dos Entraves, de 1860. Foi através dessa lei que o Governo Imperial criou a Caixa Econômica, que entrou em atividade em 1861 como o primeiro banco que receberia “as pequenas economias das classes menos abastadas”, nos moldes de várias instituições privadas de grande sucesso nos EUA e na Europa.
As Caixas prestariam os serviços de depósito em poupança e de empréstimos tendo como garantia a penhora de bens. Com isso, o governo buscava “centralizar no Estado as economias dos poupadores, de pequenos a grandes, de modo que o montante arrecadado pudesse contribuir para o desenvolvimento da infra-estrutura do país, como aconteceu nos Estados Unidos, onde a poupança alavancou o investimento em ferrovias, centros de tratamento de água e esgoto e canais”. A princípio, a arrecadação não foi muito grande, ao contrário da procura por empréstimos, e só melhorou um pouco a partir de 1864, com a quebra de várias instituições concorrentes.
A Lei do Ventre Livre, de 1871, reconheceu, entre outras coisas, o direito do escravo formar pecúlio. Na verdade isso já acontecia havia muito tempo. Escravos se reuniam em associações (Juntas ou Irmandades) auto-regulamentadas e contribuiam para um fundo comum que, entre outras coisas, servia para a compra de cartas de alforrias de seus associados. A novidade da lei é que, diferente do que acontecia antes, se o escravo tivesse dinheiro suficiente a carta de alforria não poderia mais ser negada pelo seu dono. A Caixa Econômica então passou a aceitar depósitos de escravos, mas a caderneta de poupança teria que ser aberta em nome dos seus donos, porque o decreto de fundação, de 1861, dizia:
“Não serão admittidos, como depositantes ou abonadores, os menores, escravos, e mais indivíduos que não tiverem a livre administração de sua posse e bens”
E para que o escravo tivesse certeza disso, de que não era dono daquele dinheiro e daquela “poupança do escravo”, Keila Grinberg nos conta que “todas as cadernetas de escravos eram riscadas onde aparecia a palavra ‘senhor’ antes do espaço destinado à redação do nome do poupador. Para que não restasse dúvidas de que poupar não fazia de nenhum escravo, um senhor.
Isso significa que a “poupança dos escravos” criada pela Caixa Econômica Federal não é nenhuma novidade entre as modalidades de se juntar dinheiro para a compra da carta de alforria, e ainda é um retrocesso, no sentido de proibir depósitos em nome de escravos. Caixas Econômicas não estatais, surgidas na década de 1830 na Bahia, em Pernambuco, Alagoas, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro, seguindo o modelo das caixas existente em outros países escravistas das Américas, não tinham essa proibição. Então, o que a Caixa Econômica Federal fez, em 1872, ao oficializar a “poupança dos escravos”, foi permitir e reafirmar que o controle do dono sobre o escravo, com a tutela do Estado, fosse exercido inclusive sobre algo que, de comum acordo entre dono e escravo poderia ficar, anteriormente, sob a responsabilidade do escravo. Antes de oficializar essa proibição, inclusive, a própria Caixa “aceitava” depósitos de escravos, como prova a existência da caderneta de poupança de número 12.729: “mesmo à margem da lei, entre 1867 e 1869, a escrava Luiza depositou religiosamente 5 mil réis por mês com o aval de D. Antonia Luiza Simonsen, sua senhora’, escreve Grinberg. A poupança dos escravos de ganho coloca-os novamente sob a tutela de seus senhores.
Escravos de ganho nas ruas do Rio, por Debret
Luiz Carlos Soares nos dá uma ideia da vida de um escravo de ganho no Rio de Janeiro, em sua tese “Urban Slavery in Nineteenth Century Rio de Janeiro”: “Uma parcela considerável desses cativos [que andavam pelas ruas do Rio] era constituída pelos escravos de ganho. Estes desenvolviam as mais diversas modalidades de comércio ambulante, carregando as suas mercadorias em cestos e tabuleiros à cabeça, ou transportavam, sozinhos ou em grupos, os mais variados tipos de cargas, ou ainda ofereciam os seus serviços em quaisquer eventualidades, até mesmo no transporte de pessoas em seus ombros pelas ruas da cidades nos dias chuvosos ou carregando em suas cabeças barris com os dejetos das residências que à noite eram jogados ao mar.” Profissões mais especializadas, como sapateiros, barbeiros, joalheiros, ou até mesmo mendicância e prostituição, estavam entre as atividades exercidas pelos escravos de ganho. São esses os escravos retratados no comercial “Liberdade” da Caixa, todos saudáveis, “higienizados”, sorridentes e bem tratados. A realidade, no entanto, era bem outra. Alguns realmente conseguiam se dar bem, sendo capazes de juntar boa quantidade de dinheiro; mas eram exceções. O que valia a pena, nessa modalidade, era o escravo ter um pouco mais de liberdade em relação aos escravos rurais ou domésticos, sob maior vigilância. Os escravos de ganho eram mandados para a rua por seus senhores, onde deveriam trabalhar para pagar o “jornal”, ou seja, uma quantia diária, semanal ou mensal estipulada pelo dono. Era o excedente desse jornal, se houvesse, que os escravos poderiam poupar para empregar no que bem quisessem, desde o complemento à alimentação deficiente, roupas, aluguel de um cômodo para morar longe do senhor, ou a carta de alforria. E era esse excedente que, em nome do dono, poderia ser depositado na “poupança dos escravos”, na esperança de, um dia, ser suficiente para comprar a liberdade; o que se tornava cada vez mais difícil.
A partir de 1850, com a venda maciça de escravos para as zonas cafeeiras, o número de escravos diminuiu consideravelmente na cidade do Rio de Janeiro. O recenseamento realizado em 1872, ano de lançamento da poupança de escravos, conta que eles eram, ao todo, 37.567, dos quais 5.785 eram criados (escravos de aluguel para serviços domésticos) e jornaleiros (de ganho). Escravos de ganho já não eram bom negócio. Em alguns setores mais lucrativos, como o de transporte, eles estavam perdendo espaço para trabalhadores livres, melhor organizados e de melhor aparência; em sua maioria imigrantes pobres portugueses. Esse é o cenário quando a Caixa Econômica Federal decide aceitar dinheiro de trabalho escravo – desde que em nome do donos, é sempre bom lembrar -. Com a alta sucessiva do preço, e com seus donos usando métodos legais e ilegais para manter os escravos que possuíam, as compras de cartas de alforria se tornaram raríssimas depois da Lei de 1871. “Que não restem dúvidas: a alforria custava caro. Para se ter uma ideia, entre 1860 e 1865 o preço médio pago por um escravo para ficar livre variou entre 1:350.000 réis e 1:400.000 réis, mas chegou a mais de 1:550.000 réis em 1862. Evaristo, depois de três anos de poupança acumulou irrisórios 8.100 réis. Luiza, aquela que depositava com consentimento da sua senhora Antonia Luiza Simonsen, chegou a pouco mais de 200.000 réis”, lembra Grinberg.
Provavelmente, foram raríssimos os que conseguiram comprar suas cartas de alforria através das cadernetas dos escravos, como a escrava Joana do comercial. Aplicados no banco, os recursos destinados à compra de sonho serviam para aumentar os lucros da Caixa que, segundo o estatuto de criação, podia utilizar o dinheiro das poupanças para fazer empréstimos, a juros, através do Monte de Socorro, com as penhoras. Talvez isso também pudesse ser chamado de exploração de mão de obra escrava. Da qual, hoje, a Caixa de orgulha, a ponto de apresentar como um dos grandes feitos a ser comemorado em seus 150 anos de existência. Ironicamente, ou não – pois realmente quero acreditar que é fruto da profunda ignorância histórica e da falta de sensibilidade -, o confessional foi exibido no mês de maio, para ser potencializado e remetido à Lei Áurea. Coisas da propaganda, que talvez pudesse ser usada para nos responder duas perguntas:
- O que foi feito do dinheiro dessas cadernetas de poupança quando aconteceu a abolição? O dinheiro era dos escravos, o excedente do que tinham que pagar ao dono, mas não estava no nome deles. Eles conseguiram recuperar essas economias?
- Em 1872, quando foi criada a “caderneta dos escravos”, dirigida aos escravos de ganho, já fazia 41 anos que o tráfico atlântico de escravos estava proibido. Visto que a maioria dos escravos de ganho era composta por africanos (Luiz Carlos Soares nos informa que, na segunda metade do XIX, na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, dos 2.869 pedidos de concessão de licença para trabalhar ao ganho, 2.195 eram para africanos), a Caixa, antes de aceitar a abertura das cadernetas, checava se tinham entrado legalmente no Brasil (é bom lembrar que, em 1900, a expectativa de vida do brasileiro era de 33,4 anos, sendo a dos escravos bem menor que a dos não-escravos), ou era cúmplice dos que tinham sequestrado, capturado e mantido ilegalmente africanos em cárcere privado e trabalhos forçados, conforme as leis de 1831 e 1850?
Seria bom que a Caixa Econômica Federal investigasse a possibilidade de ter cometido erros e, se for o caso, se retratasse. Pelo branqueamento de Machado e por ter lucrado, talvez ilegalmente, com o dinheiro dos escravos, e fazer disso motivo de orgulho. Se não por toda a população afrodescendente brasileira, pelos seus mais de 14.000 funcionários homenageados em um belíssimo comercial comemorando o Dia da Consciência Negra.
Para que eles não se sintam usados. Para que nós não nos sintamos enganados por meras e belas campanhas de marketing. Para que este país comece a conhecer e respeitar sua História. Para que as palavras de sua assessoria não sejam propaganda enganosa: “O banco sempre se notabilizou pela sua atuação pautada nos princípios da responsabilidade social e pelo respeito à diversidade.” Que assim seja!
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