Grupo de Estudos Sobre Raça e Ações Afirmativas

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domingo, 9 de junho de 2013

MOVIMENTO HISTÓRICO DENTRO DA UFMS



Indígenas de várias etnias, camponeses e quilombolas estão, neste momento no campus da UFMS em Campo Grande, acampados, para cobrar por providências do Estado brasileiro e do governo do MS.
Em conversa com um senhor (+- 60 anos de idade), trabalhador rural, ele me perguntou: "tem pessoas da terceira idade estudando aqui?" Eu disse "sim, tem sim". E ele perguntou: "Mas assim como eu?"
Como dizer que como ele não há, afinal a UFMS, assim como todo o ensino superior brasileiro, é atravessado por desigualdades de classe, raça e de etnia?
É S. Laurivaldo, que sonha em ser professor de História. Já prestou ENEM em 2 anos seguidos e quer prestar de novo. Falta-lhe quase tudo, o essencial. Está aqui para pressionar as autoridades para "cortar a terra", como me disse. Contou-me dos avós e bisavós que não passaram pelos dilemas da situação de não-território e de quando que terra passou a ser riqueza de uma meia dúzia de pessoas neste estado. Gostaria muito de assistir aulas de história dadas por ele.

Triste ver indígenas, quilombolas e camponeses na UFMS apenas nesses momentos de luta, de reivindicações. Eles, os seus familiares, os seus filhos não estão aqui como estudantes, professores, funcionários. E que bom que estão aqui, pois é lugar que agrega grande parcela das elites estaduais. É bom que estejam aqui.

Triste ver que não há preparo algum ou não há vontade nenhuma de entendermos o que é viver a diversidade na universidade. Nas poucas horas que estão aqui, já foram chamados de ladrões, estupradores e de outros adjetivos. Seguranças fechando portas para que não entrassem. A universidade é pública? É feudo, um feudinho.

Quando convém, muitos enchem a boca para falar da diversidade étnica do estado. Tiram fotos para colocar em museus, para serem "aprecisados". Quando não convém, colocam para falar com os seguranças.

Tempos de pensar em demarcação
Tempos de pensar em reforma agrária
Tempos de pensar nas desigualdades
Tempos de pensar a universidade (unicolor, rica, hostil, despreparada, e quase privada em muitos aspectos)
Tempos de pensarmos em nossos racismos

Texto de Priscila Martins Medeiros

Fotografia de Lelo Marchi

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